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Abaixo a positividade tóxica: a vida não é linda o tempo todo

Saúde Mental e Bem-Estar, Por Andréa Ladislau, Psicanalista

Em 13/11/2023 às 18:21:55

Não adianta achar que a vida será apenas de flores, músicas, risos, boas energias, vibrações positivas e notícias espetaculares a todo momento. Se alguém te contou isso, sinto decepcionar, porque não é uma realidade. A vida tem altos e baixos e os momentos mornos existem e também são necessários, inclusive. É fundamental acolher os momentos mais tristes, rejeitar uma positividade tóxica que mascara os sentimentos para ter clareza do momento em que se vive. Isto porque, é claro, existem situações desafiadoras que, sem sombra de dúvidas, ativam gatilhos emocionais importantes no ser humano. Mas o que seria essa positividade tóxica aqui mencionada?

A positividade tóxica é a prática de priorização das emoções positivas ao mesmo tempo que se ignora ou rejeita qualquer situação negativa que o indivíduo esteja vivenciando. É olhar para o leque de emoções vividas pelas pessoas e afirmar que apenas os sentimentos felizes são aceitos em detrimento dos desagradáveis. Quem vive dessa positividade tóxica tende a viver crendo que a vida é linda o tempo todo. Claro que é bom ter uma visão otimista da vida, mas também precisamos reconhecer a realidade: a vida é cheia de situações difíceis. Você não precisa cobrir suas emoções reais com um sorriso se, na verdade, você não está nem um pouco a fim de sorrir. Devemos nos permitir vivenciar sentimentos negativos, pois eles também trazem algum tipo de aprendizado e, em alguns casos, são até motivadores. Quando você diz “estou triste”, é a libertação desses rótulos de positividade pregados pela sociedade em geral.

A grande realidade é que a positividade tóxica é uma espécie de negação da tristeza e de outros sentimentos negativos. Uma tentativa de escapar do negativo. É impor a si mesmo, ou ao outro, uma atitude falsamente negativa, generalizando um estado feliz e otimista, seja qual for a situação, silenciando as emoções negativas. Essa positividade não nos permite enxergar que todas as emoções têm uma utilidade e nos dão informações sobre o que acontece em nosso corpo e em nosso meio. Dessa forma, não conseguimos trabalhar a resiliência, pois nos isolamos de nós mesmos e de nossas emoções. A consequência mais desastrosa quando praticamos a positividade tóxica é reprimir as emoções e assim somatizá-las, expressando-as através do corpo sob a forma de doenças, como a depressão ou qualquer outra doença psíquica.

Portanto, para fugir de uma positividade tóxica, em qualquer circunstância, devemos validar nossos sentimentos. Ser fiel e atento ao que sentimos. Seja acolhedor consigo mesmo. A permissão abre as portas da liberdade de expressão e evita que somatizações norteiem seus dias e alimentem doenças indesejáveis. Além disso, muito cuidado para não ser invasivo, imperativo, julgador ou senhor (a) da razão, apontando o dedo ao outro dizendo o que se deve ou não fazer. Dizer, por exemplo, como a pessoa deve ou não agir; sentir ou não sentir; expressar ou não os sentimentos. Afinal, se cada história é única, cada um irá viver em seu momento, da sua forma e dentro do seu contexto. Precisamos aprender a respeitar as crenças, as bagagens de vida, os desejos e anseios do outro. Respeito é o mínimo que o outro merece. Ao verbalizar sua tristeza e sua dor, você faz uma clara demonstração do quanto é preciso e necessário expressar os reais sentimentos. E isso nada tem a ver com o pessimismo ou vitimismo. Mas, sim, com o acreditar que, por sermos seres de carne e osso, vamos sentir medo, dúvidas, inseguranças, entre outros. E está tudo bem! O principal é saber dosar e gerenciar essas emoções inevitáveis para encontrar equilíbrio e bem estar em meio aos desafios da vida.


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